Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. - 2 Timóteo 4:3-4
Você já se perguntou o que é ser verdadeiramente um cristão? E veja bem. Não é sobre quem é ou não um verdadeiro cristão, pois como diz a Palavra: “Só o Senhor conhece os que sãos seus – 2 Timóteo 2;19”. Tem muito cristão verdadeiro que nem mesmo expressa publicamente sua fé e é um direito dele, embora devamos sim tornar público nosso testemunho. O que eu trato aqui é “o que é na prática ser cristão”? E não tem passagem melhor na Bíblia que responda esta pergunta do que o capítulo 3 de Filipenses.
Vamos então primeiro tratar dos versículos 1 ao 11.
“Finalmente, meus irmãos, alegrem‑se no Senhor! Escrever a vocês as mesmas coisas não é problema para mim, e é uma segurança para vocês.
Cuidado com os “cães”, cuidado com esses que praticam o mal, cuidado com a falsa circuncisão! Pois nós é que somos a circuncisão; nós, os que servimos a Deus em Espírito, nos gloriamos em Cristo Jesus e não confiamos na carne, embora eu mesmo tenha razões para ter tal confiança.” – Filipenses 3
Esta passagem já nos dá já no seu primeiro versículo a conduta mais básica de um cristão: “alegrar-se no Senhor”. Um cristão que reconhece que foi salvo pelo sangue de Cristo e que está livre de toda condenação e juízo, tendo a promessa de uma vida eterna de alegria e gozo no céu, tem mesmo é que se alegrar, independente das circunstâncias. E continua...
Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, hebreu dos hebreus; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.
Ou seja, se Paulo, que tinha todos os motivos para confiar nas obras da sua carne para alcançar a graça de Deus, não confiava, porque nós deveríamos confiar? Afinal, Paulo era um fariseu seguidor da lei que tinha conhecimento apurado das Escrituras e isso não lhe concedeu salvação alguma. Foi preciso Jesus ir diretamente ao encontro dele, confrontá-lo, arrebata-lo ao terceiro céu, lhe revelar os mistérios da Igreja que até aquele momento estavam ocultos para que ele se convertesse unicamente à pessoa do Senhor Jesus Cristo e assim ser salvo. E depois de conhecer a Cristo, qual o valor que o apóstolo dá para a vida de luxo e de privilégios que teve no seu tempo de incredulidade? Como perda, como esterco. Continua...
Contudo, o que para mim era lucro passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, o meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem por meio da fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. Quero conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, tornando‑me como ele na sua morte, para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos.”
Perceba. Nada mais importava para Paulo, mas somente Jesus Cristo.
Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá‑lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo‑me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.
Sim! Paulo deixou tudo para trás e passou apenas a olhar para a frente, prosseguindo para o seu alvo, o de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.
E atente-se para esta palavra: “celestial”. Paulo nos ensina que nosso prêmio e nossa felicidade no seu sentido mais pleno não está aqui neste mundo, mas no reino celestial de Deus.
Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus esclarecerá. Seja como for, vivamos de acordo com o que já alcançamos. – Filipenses 3:15
“Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que apresentamos a vocês. Pois, como já disse repetidas vezes e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o estômago, e eles se gloriam do que deveriam se envergonhar; só pensam nas coisas terrenas.” – Filipenses 3:17-19
E é aqui que finalmente chegamos ao estado deplorável que se encontra o testemunho cristão nos dias atuais. Enquanto Paulo exorta para que se siga o seu exemplo, ele em seguida lamenta por também haver já muitos “cristãos” que vivem como inimigos da cruz de Cristo, visando unicamente os prazeres e as muitas coisas mundanas e terrenas. Isso é tão profético como verdadeiro. Olhe a sua volta e você verá os templos de teologia da prosperidade lotados de pessoas ávidas por dinheiro, luxo e prazeres. Estamos vendo uma multidão de cristãos indo a manifestações políticas com o objetivo de tomar o poder e cristianizar as instituições e o país para tornar o Brasil um país que seja agradável para cristãos viverem, como se a cidadania deles não fosse celestial e o que o mundo não estivesse reservado para o fogo.
A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que, pelo poder que o capacita a sujeitar todas as coisas a si, transformará o nosso corpo humilhado, tornando‑o semelhante ao seu corpo glorioso. – Filipenses 3:20-21
Não só o livro de Filipenses descreve a decadência moral do cristianismo, como todas as epístolas do apóstolo Paulo dirigidas aos cristãos da primeira era.
Bruce Anstey destaca em seu livro “A Ordem de Deus” esta decadência na sua introdução “A ruína do testemunho cristão”.
“Quando nos voltamos para a Palavra de Deus vemos que quase todos os escritores do Novo Testamento previram que a ruína e o abandono da Palavra de Deus entrariam no testemunho cristão. Portanto não deveria ser uma grande surpresa para nós quando víssemos esse abandono da ordem de Deus na criação de igrejas denominacionais e não denominacionais.
As "segundas" epístolas do Novo Testamento se ocupam particularmente deste assunto. Cada epístola revela algum aspecto da fé cristã sendo abandonado e, consequentemente, assinala o caminho para aqueles que são fiéis seguirem em cada situação.
A 2ª epístola aos Efésios descreve o abandono do primeiro amor (Ap 2:1-7).
A 2ª epístola aos Tessalonicenses trata do abandono da bendita esperança -- a vinda do Senhor (no Arrebatamento).
A 2ª epístola de João considera a gravidade de se abandonar a doutrina de Cristo.
A 2ª epístola de Pedro apresenta o abandono da piedade prática.
A 2ª epístola aos Coríntios trata, dentre outras coisas, do abandono da autoridade apostólica conforme é encontrada nas Escrituras.
A 2ª epístola a Timóteo nos fala do abandono da ordem na casa de Deus.”
Tratar de tudo isso exigiria um tempo maior. Por isso, tratarei de duas bem-aventuranças que os cristãos deste século simplesmente abandonaram. O primeiro amor e o arrebatamento.
Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. - Apocalipse 2:4
Este versículo é uma advertência que Paulo faz à igreja de Éfeso. O "primeiro amor" refere-se ao amor fervoroso e à devoção inicial que os cristãos têm por Cristo e pela sua causa e que estava sendo abandonado. Quando o cristão "deixa o seu primeiro amor", isso significa que ele se esqueceu do amor e da paixão que tinha por Deus no início da sua jornada de fé e isso ocorre devidamente por conta das muitas distrações do mundo, o que fazem muitos cristãos esfriarem e perderem a comunhão com o Senhor. Infelizmente, é o que vêm acontecendo. Os cristãos estão vivendo tão mergulhados nos assuntos deste mundo que em quase nada se diferem dos incrédulos. E isso os torna indiferentes à uma bendita esperança para todo cristão, o arrebatamento.
Conforme a palavra do Senhor, dizemos a vocês que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os que dormem. Porque, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. Assim, estaremos com o Senhor para sempre. Portanto, consolem‑se uns aos outros com estas palavras. - 1Tessalonicenses 4:15-18
Esta é uma bendita esperança a qual o próprio apóstolo se incluía de poder recebe-la. O arrebatamento da igreja marca o fim da atual dispensação que hoje vivemos, chamado de período da graça e o fim do testemunho cristão no mundo. Após este evento, que pode acontecer a qualquer momento, o mundo fica livre para a ascensão do anticristo, dando início ao período da grande tribulação, descrita na Bíblia pelo próprio Senhor Jesus: “Porque haverá grande tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria, mas, por causa dos eleitos, aqueles dias serão abreviados.” - Mateus 24:21-22
E eu sinceramente acredito que o mundo está muito próximo deste evento, o que significa que o arrebatamento nunca esteve tão próximo de ocorrer.
E infelizmente, muitos cristãos hoje sequer conhecem o arrebatamento. Esta verdade foi tão diluída, que hoje, cristão estão se apoiando em políticos, no rumo que o país está tomando e sendo apegados até a bênçãos lícitas, mas passageiras, como casamento, carreira, bens materiais. Tudo isso é fruto de um abandono à sã doutrina muito bem trabalhada por falsos pastores e mestres ao longo de séculos e que hoje deu luz ao que chamamos de Laodiceia, o último estágio do testemunho cristão na terra, de onde sairá uma apostasia geral como nunca vista antes.
Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças. Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada. – 1 Timotéo 4:1-5
Diante de tudo isso, nos agarremos mesmo à bendita esperança de partirmos daqui para estar com Cristo, como expressou o apóstolo Paulo.
segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. - Filipenses 1:20-23
Ramon Ribeiro