“Estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento” (Ef 3:17-19). Se estou andando no “eu”, não consigo enxergar além das pequenas coisas deste mundo, mas quando chego além da região do “eu”, sou capaz de julgar o pecado e os pecados, ter um julgamento verdadeiro sobre tudo, e eu sou capaz de entender a largura, comprimento, profundidade e altura. Ele não diz de o quê – isso precisa ser preenchido. Mas, para tornar tudo prático, preciso “conhecer o amor de Cristo”. Se eu estivesse entrando na presença de uma rainha, como ficaria feliz se alguém me dissesse o que fazer! Bem, esse conhecimento do amor de Cristo é exatamente o que acalma meu coração quando penso na imensidão da glória que deve ser revelada em mim. Cristo está ao meu lado. Eu o tenho conhecido intimamente aqui e também já ressuscitado, pois Ele é exatamente o mesmo que era quando Ele disse: “Filhos, tendes alguma coisa de comer?” Quando eu li que a glória de Deus ilumina a cidade, isso é muito deslumbrante para meus olhos?
As próximas palavras que eu li são que “o Cordeiro é a sua lâmpada”. Você vê, o coração entra em uma condição onde está em casa e, portanto, o mais pobre e mais simples santo está bastante à vontade em toda essa glória, porque Cristo está em tudo, e Cristo está em seu coração. Eu posso ser um pobre vaso de barro, mas eu tenho o tesouro lá dentro. Pela fé no meu coração Ele fala comigo, Ele Se manifesta para mim como não faz para o mundo. É uma coisa maravilhosa para mim dizer que eu conheço o amor de Cristo, ao mesmo tempo em que também posso dizer que esse amor excede todo entendimento. E agora o apóstolo, tendo mostrado aos santos a posição exaltada, se eleva a ela e diz que é “para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”. Lugar maravilhoso! Que maravilhoso propósito do amor de ter me trazido aqui! Agora como devo ver a tribulação? Oh, eu posso me gloriar nela! Eu posso me regozijar em Deus, não apenas me regozijar entre as circunstâncias, mas regozijar no próprio Deus.
“Ora, Àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Ef 3:20). Isso é muitas vezes erroneamente dito como se dissesse: “capaz de fazer por nós” (é bem verdade, é claro, em seu lugar, porque Ele é capaz e faz por nós), mas não é o pensamento Aqui; é “capaz de fazer em nós” – “segundo o poder que em nós opera” (v. 20). A Igreja tem sido vista como tudo o que temos falado, a fim de que Cristo seja glorificado em nós “quando vier para ser glorificado nos Seus santos e para Se fazer admirável, naquele Dia, em todos os que creem” (2 Ts 1:10), embora o apóstolo não esteja aqui (isto é, em Efésios) olhando para o que acontecerá no futuro, mas o que já acontece agora por fé. Moisés refletiu em seu rosto a glória de Deus quando desceu do monte; assim a Igreja deveria refletir a glória de Deus agora. Os anjos estão olhando; há sabedoria na Igreja, embora muito fraca. Os anjos devem ver nos santos a glória de Deus, mas quão pouco, amados amigos, quão terrivelmente pouco pode ser visto! Como tudo o que foi colocado nas mãos do homem tem falhado, no que diz respeito ao homem – a lei, o Filho de Davi, Nabucodonosor, a Igreja! O homem estragou tudo, tanto quanto ele tinha o poder para fazê-lo.
E, queridos amigos, quem dera que soubésseis que sois fracos. Então seriam mais capazes de dizer: “Agora, seja para Ele a glória”. Quando Paulo disse: “E eu estive convosco em fraqueza”, aprendemos que Deus tinha “muito povo nesta cidade”. Precisa haver fraqueza no vaso. O objeto conhecido é Cristo; o lugar, nosso coração, Deus quer que Cristo seja conhecido por nós e Deus glorificado em nós, não apenas Cristo habita em nós, pelo Espírito Santo, mas em nosso coração – meu coração; meus pensamentos, meus sentimentos, sendo os mesmos de Cristo. O Senhor nos faz saber como Deus nos tratou, para que possamos conhecer a obrigação do coração de amar e essa obrigação não é legalista.
J. N. Darby (adaptado)